Rss

sábado, 10 de março de 2012

Mirai Nikki - Legendado - Episódio 1

Beelzebud - Legendado - Episódio 1

Herança - FanFic - One Piece

Autora: Raquel Caetano da Silva

Vocês não encontrarão isso nos livros de história oficiais do governo. Tenho certeza que eles farão de tudo para nos jogar no esquecimento e fazer desaparecer sua própria vergonha do fracasso. Apagar-nos da história do mundo, porém, tem um preço muito alto: caos nos mares. Mas isso é assunto pra mais tarde. Por hora, vou contar um pouco mais sobre a tripulação da qual faço parte, ou melhor, fazia. Não sei o que será de nós agora que nosso capitão morreu, mas, como eu disse, isso é assunto pra mais tarde.

Meu dia sempre começava com um idiota cantarolando do lado de fora, enquanto esfregava o chão do convés. Todo mundo querendo dormir, e ele assobiando “Bink’s no Sake”. Aí alguém se levantava, discutia com ele sobre “respeitar o sono sagrado dos outros”, às vezes acabavam trocando uns socos, e eu era obrigado a levantar também e mandá-los parar com essa besteira. Meia hora depois, metade da tripulação estaria tomando saquê no refeitório e rindo de Ace, que muito provavelmente estaria dormindo numa das mesas, com a cara no prato de jantar da noite anterior. Porque, sério, como ele consegue cair no sono no meio de uma refeição?

Quando o café da manhã era servido, o restante da tripulação chegava fazendo barulho e gritando por comida. Hey, nós somos piratas, boas maneiras não são pré-requisitos para a profissão. O Pai chegava logo depois, acompanhado pelas enfermeiras. As pobres mulheres brigavam com ele, insistiam que ficasse de repouso na parte da manhã porque não era mais tão jovem assim, e sua saúde andava abalada. Ele dizia “minha saúde, faço o que quiser com ela” e mandava que trouxessem um barril de saquê. Antes do meio dia metade de nós já estaria bêbado demais pra continuar acordado.

É claro, isso não acontecia todos os dias. Muitas vezes nosso barco tinha que parar em uma das ilhas que o Pai era visto como líder, só para que os piratas que desejassem fazer pilhagem naquele local pensassem duas vezes antes de fazer isso numa ilha protegida pelo próprio Barba Branca. O Pai ficava bastante satisfeito ao ver que ainda era respeitado o suficiente para manter a paz naquelas ilhas. Não sei dizer se ele gostava de ser visto como um protetor, acho que ele queria mesmo é que as pessoas pudessem se defender sozinhas, mas mesmo assim estava contente por poder ajudar os civis. Coisa que a Marinha devia fazer.

De vez em quando, recebíamos visitantes famosos em nosso navio principal, o Moby Dick. Perdi a conta de quantos piratas renomados e com recompensas altíssimas passaram por ali para conversar com o Pai, até mesmo o metido do Ruivo nos visitava quando não estava ocupado demais pra vir pessoalmente. Um ou outro idiota tentou atacar o velho. Pobres coitados. Mesmo tendo quatro vezes mais idade do que qualquer um de nós e uma saúde fragilizada, Barba Branca sempre foi absurdamente mais forte que os piratas comuns. Você não pode simplesmente atacar o homem que lutava de igual para igual com o Roger e esperar sair ileso. Não preciso descrever o que acontecia com os idiotas que tentaram isso, só direi que não sobrou muito deles.

Nos últimos tempos, tudo começou a dar errado pra nós. Teach matou um companheiro, Ace foi atrás dele para puni-lo, o Pai queria que Ace voltasse ao navio… Tempos conturbados, mais do que normalmente são. Quando o Punhos de Fogo foi preso, era de se esperar que nossa tripulação ficasse furiosa e corresse tentar salvá-lo, ou que desistíssemos dele. Mas nosso Pai nunca desiste de nós, ainda mais de Ace, quem ele gostava tanto. Mandou os exaltados calarem a boca, e os chorões limparem as lágrimas. Disse que iríamos salvar Ace no tempo certo e de uma maneira eficaz. A preparação foi feita com cuidado, o dia do salvamente teria que coincidir com o dia da execução pública. Barba Branca nunca age sem pensar. Mesmo com toda a agitação daqueles dias em que juntávamos tudo o que seria usado na guerra (porque todos nós sabíamos que haveria uma guerra), o Pai parecia distante. Às vezes ficava olhando as ondas baterem no casco do navio, ou observando os piratas executarem seus deveres por todo lado. Eu sempre achei que era tristeza pela situação de Ace.

Mais tarde, é claro, eu entendi que ele nunca teve a intenção de sair vivo dessa guerra.

Ver nosso Pai ser atacado daquela forma nos dilacerava o coração, e cada vez que tentamos ajudá-lo, ele nos mandava ir embora porque podia cuidar de si mesmo. Até o fim, até o verdadeiro fim, ele não caiu. Morreu defendendo seus filhos amados, e defendendo seus ideais.

Morreu de pé, como o homem honrado e corajoso que era.

E com ele, um pouco de nós também morreu. Pra piorar, Ace também se foi. Meu melhor amigo, meu irmão de tripulação, se foi.

Acho que todos nós estamos nos importando um pouco menos com o mundo no momento. Não vamos ficar de luto pra sempre. Sei que todos os filhos do Barba Branca vão se recuperar, porque foi assim que ele nos criou. “Você não deve perder, e nunca se render, nem mesmo pra dor”. Enquanto não entramos na briga para devolver a paz aos mares, a Marinha tem que se virar como pode contra os piratas. Como eu disse mais cedo, nos apagar da história do mundo vem com um preço bem alto. Nossa tripulação e a reputação de Barba Branca era o que mantinha as coisas nos lugares. O último sobrevivente da primeira Era dos Piratas.

Agora? Agora a Marinha está sozinha. Piratas enlouquecidos, que acham que vão conquistar o One Piece do dia pra noite, estão destruindo tudo que vêem pela frente. Sem um grande pirata para lhes fazer sombra, todos estão se achando no direito de reclamar o título de “mais forte”. Pra mim isso é besteira. Nosso capitão levou décadas para ficar poderoso e famoso como era, e ninguém jamais irá se igualar a ele.

Peço desculpas, não posso mais escrever. Estou atrasado para recomeçar minha aventura.

- Marco, a Fênix, ex-Comandante da 1ª Divisão dos Piratas do Barba Branca, atual líder interino da tripulação.